quarta-feira, 6 de julho de 2011

TECNÓLOGOS: PROFISSIONAIS DO SÉCULO XXI





Na manhã de ontem (1/6), o tema que reiniciou os trabalhos do Seminário Internacional Cursos Superiores de Tecnologia: Educação e o Mundo do Trabalho, organizado pelo Ministério da Educação, foi: “O Tecnólogo e o Mundo do Trabalho”. Para coordenar as discussões, foi convidado o presidente da Associação Nacional dos Tecnólogos (ANT), Jorge Guaracy. Como debatedores, o superintendente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Alceu Fernandes Molina Júnior, e o tecnólogo formado pelo Instituto Federal Fluminense, Rafael Manhões Monnerat.

Conhecimento aprofundado garante inserção no mercado de trabalho

Iniciando as discussões, Jorge Guaracy afirmou que a característica essencial do tecnólogo é o estreitamento com o mercado de trabalho. “O tecnólogo já é um profissional do século XXI. Apesar de ter sido criado no século passado, é uma característica desse profissional estar sempre atualizado”. Segundo ele, esse atributo garante empregabilidade de cerca de 80% a 90%.

Para o presidente da ANT, o volume de conhecimento da atualidade é extremamente grande e não tem como uma pessoa saber de tudo. Assim, o diferencial de um profissional que cursa o nível superior em tecnologia é o conhecimento aprofundado em determinado assunto. “O que importa não é o tempo da graduação, mas o que foi visto, quais as competências adquiridas, qual o projeto pedagógico adotado e isso ainda gera certa perplexidade em outros profissionais”, ressalta.

“Estamos caminhando num processo muito acelerado para inserção na economia mundial e hoje discutimos o apagão na engenharia, ou seja, temos de importar mão de obra porque não temos capacidade de formar. Nesse cenário, a necessidade de formação de mão de obra é patente”. Para ele, com base nas estatísticas dos países desenvolvidos, são necessários de 5 a 6 tecnólogos por engenheiro. “É uma receita de desenvolvimento razoável”, afirma.
Nesse contexto, Guaracy ressalta a necessidade de regulamentação da profissão (por meio da aprovação do Projeto de Lei nº 2.245/07) como forma de valorizar e reconhecer a profissão e romper o preconceito ainda existente na sociedade.

O perfil profissional e a expansão do mercado

Alceu Molina traçou um panorama histórico sobre a profissão dos tecnólogos. Segundo ele, o perfil clássico de quem procurava os cursos de tecnologia era alguém que já estava no mercado de trabalho e buscava agregar conhecimento específico sobre aquilo que já exercia. “Em regra, esse profissional tinha entre 25 e 30 anos e não possuíam curso superior”, explica.

“Essa situação, eu reputo, é coisa do passado”, afirmou Molina. De acordo com ele, o avanço da internet e a velocidade de difusão do conhecimento concorreram para essa mudança. Ele explicou que as décadas de 70 a 90 foram anos difíceis para a prosperidade das questões de tecnologia devido ao período de endividamento interno e externo. “Hoje o mercado voltou a bater na porta e percebemos que algumas áreas têm sido bastante demandadas, como a ambiental, a hidráulica, a silvicultura, entre outras”, disse.

Molina afirma que o mercado do profissional, seja de nível médio, de tecnólogos ou de bacharéis existe de fato, mas que no Brasil ainda sofre algumas dificuldades. “As escolas precisam conseguir dialogar com seus alunos. Quando eles chegam ao mercado, entendemos que ainda restam alguns resquícios do mercado achatado que nós tínhamos, com técnicos atuando como tecnólogos, tecnólogos atuando como engenheiros, engenheiros atuando como tecnólogos e assim por diante”. Em sua opinião, isso não pode acontecer. Para ele, deve-se tomar cuidado para não ultrapassar os limites da flexibilidade existente sob pena de criar conflitos com outras áreas. Ao contrário, deve haver uma complementação de esforços, com cada profissional atuando em sua área específica.

Molina conta que o período de 2004 a 2006 foi a volta por cima dos tecnólogos, com mais de 3.500 cursos de tecnologia. “Hoje não são mais aqueles que já atuam no mercado que buscam os cursos de tecnologia. É comum perceber claramente os jovens buscarem os cursos de tecnólogos, talvez, até pela busca de uma resposta mais rápida”. Segundo pesquisa apresentada por Molina, 16% das pessoas que procuram os cursos superiores de tecnologia atualmente estão inseridos na faixa etária de 16 a 20 anos; sendo que 51,2% tem menos de 25 anos. Outro fato destacado foi a crescente participação das mulheres nesses cursos: 51,8%.

Apresentando as ameaças e as oportunidades do mercado de trabalho para os tecnólogos, Molina afirmou que o Brasil começa a se movimentar nessa área. “Cursos superiores de curta duração representam mais de 50% dos alunos matriculados nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, esse número não ultrapassa os 8%, ou seja, tem um campo muito vasto e propício para expansão”, destacou.
Por último, ele ressaltou que os cursos de graduação tecnológica não substituem o bacharelado. “São focos eminentemente distintos e que se complementam”. Entretanto, salientou uma dificuldade na análise de processos nos Conselhos em relação aos currículos oferecidos pelas instituições de ensino. Disse que, muitas vezes, surgem casos de cursos que parecem mais um ‘minibacharelado’. “Isso é um problema porque gera confusão tanto para o profissional quanto para o mercado, pois há uma perda do foco dos cursos de tecnologia em determinado assunto”. Segundo ele, dos, aproximadamente, 850 mil profissionais registrados no Sistema Confea/Crea, 15 mil são tecnólogos.

Por último, Alceu lembrou da Cartilha do Tecnólogo, elaborada por meio de parceria Confea/ANT. Recém-lançada, seu objetivo é  dar conhecimento à sociedade sobre as atribuições dos tecnólogos, apresentando o caráter e a identidade da profissão, abordando as questões do exercício profissional e explicitando as resoluções do Confea que disciplinam as atividades dos tecnólogos.

Tecnologia: uma porta de entrada para o mercado de trabalho

Rafael Manhões apresentou sua experiência como tecnólogo quanto à inserção no mercado de trabalho, no campo da informática. Na época de sua graduação, optou pelo curso de tecnologia por acreditar que a diferença de um ou dois anos a menos de graduação poderia ser compensada pela possibilidade maior de adquirir experiência profissional.

Em sua opinião, apesar de os tecnólogos muitas vezes não terem a mesma visibilidade dos bacharéis e de a formação tecnológica ser bastante específica, o profissional não fica limitado a atuar naquela área pelo resto da vida. “É uma porta de entrada para o mercado de trabalho. A empresa, visualizando necessidades de adequação, com certeza, oferecerá novos treinamentos para adaptar o profissional às novas demandas”, conta.

“Fico muito feliz de que estejam sendo criados cursos de tecnologia em todo o país. Os tecnólogos são profissionais flexíveis do ponto de vista de aprendizagem e que olham para o mercado para se aperfeiçoarem”, conclui.

Fonte: CONFEA

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