domingo, 12 de fevereiro de 2012

Segundo pesquisa, jejum ajuda a combater câncer




Segundo cientistas, o jejum diminui o crescimento e propagação de tumores e chega a curar alguns cânceres quando combinado com a quimioterapia. Com esta nova descoberta espera-se que haja um maior desenvolvimento de tratamentos mais eficazes

A pesquisa, publicada no jornal Science Translational Medicine, descobriu que as células cancerígenas reagem diferente de células normais, quando submetidas ao jejum. Ao invés de entrar em um estado de dormência, similar à hibernação, as células continuam a crescer e dividir-se, o que leva-as a destruir-se. É esperado que a descoberta promova o desenvolvimento detratamentos mais eficazes.


Valter Longo, professor e líder da pesquisa, da Universidade do Sul da Califórnia, diz que, “as células, de fato, cometem suicídio. O que vemos é que as células cancerígenas tentam compensar a falta de nutrientes no sangue após o jejum. Elas tentam substituí-los, mas não conseguem”. Professor Longo e sua equipe analisaram os efeitos da abstinência alimentar em ratos com câncer de mama,câncer do trato urinário e no ovário. O jejum sem quimioterapia causou a diminuição no crescimento do câncer de mama, câncer de pele melanoma, câncer no cérebro e neuroblastoma – câncer que se forma nos tecidos nervosos. Em todos os casos, a junção de jejum e quimioterapia fez com que os tratamentos contra o câncer fosse mais eficazes.

A combinação de ciclos múltiplos de jejum com a quimioterapia curou 20% dos casos de cânceres mais agressivos e 40% dos casos onde o mesmo tipo de câncer havia se espalhado de forma limitada. Nenhum dos ratos sobreviveu quando tratados apenas com a quimioterapia.

Os pesquisadores já estão investigando os efeitos do jejum em pacientes humanos, mas somente um processo longo irá confirmar se os pacientes realmente poderão beneficiar-se da restrição de calorias. Contudo, eles destacam que o jejum pode ser perigoso para pacientes que já perderam muito peso ou que são afetados por outros fatores de risco, como a diabetes. Resultados preliminares das experiências serão apresentados no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologistas, em julho, na cidade de Chicago.

Professor Longo afirma que esse estudo apenas testa se os pacientes poderiam tolerar períodos curtos de abstinência alimentar dois dias antes e um dia depois da quimioterapia.

Pesquisas anteriores feitas por Longo mostram que o jejum protege as células normais dos efeitos da quimioterapia, mas ele não havia feito os testes para células cancerígenas. Agora, pode-se pensar que a abstinência alimentar seja uma forma de enfraquecer as células e deixá-las mais vulneráveis. O professor acrescenta que, “ uma forma de combater o câncer pode não ser procurar por medicamentos que matem as células, mas confundi-las através da geração de ambientes extremos, como a fome, que apenas células normais podem responder rapidamente”.



sábado, 4 de fevereiro de 2012

Alzheimer como infecção







Um nova pesquisa americana, publicada pelo periódico científico PloS One nesta quarta-feira, lança luz sobre como a doença de Alzheimer avança. Realizada com ratos, o estudo demonstra que a doença se propaga de uma região a outra do cérebro por meio de circuitos cerebrais, como se fosse uma infecção.

Conforme o estudo, esse efeito é causado por uma proteína humana anormal chamada tau, cuja agregação, sob a forma de filamento, explode – e destrói progressivamente o conjunto das células nervosas. A descoberta sugere que bloquear precocemente esse processo pode impedir a propagação da doença.

Para chegarem ao resultado, os pesquisadores desenvolveram ratos transgênicos – portadores do gene que produz uma forma anormal da proteína tau no córtex entorrinal, região do cérebro. As cobaias foram analisadas em diferentes momentos durante um período de 22 meses. Assim, os cientistas conseguiram estabelecer um mapa da progressão da proteína.

Os pesquisadores comprovaram que, à medida que os ratos envelheciam, a proteína se propagava ao longo de uma passagem anatômica do córtex entorrinal, importante para a memória, até outra região do cérebro, o hipocampo, e, dali, para o neocórtex.

“Essa progressão é muito similar a que nós vemos nos primeiros estágios do Alzheimer entre os humanos”, explica a médica Karen Duff, professora de patologia em psiquiatria na faculdade de medicina da Universidade de Columbia, em Nova York, principal autora da pesquisa.

Pesquisas anteriores, realizadas com IRM (imagens por ressonância magnética) em humanos, já sugeriam esse tipo de avanço da doença, "mas não permitiam afirmar com certeza que o Alzheimer se propaga diretamente de uma região do cérebro a outra", ressaltou o médico Scott Small, professor de neurologia da faculdade de medicina da Universidade de Columbia.

Fonte: Revista Veja

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ressonância Magnética e a Dislexia





Crianças com risco de desenvolver dislexia apresentam diferenças na atividade cerebral observadas por meio de imagens obtidas através de ressonância magnética, indica um estudo feito no Children's Hospital de Boston, Estados Unidos.
O estudo, feito em colaboração com pesquisadores da Universidade Harvard, será publicado esta semana no site e em breve sairá na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

De acordo com a pesquisa, as diferenças na atividade cerebral podem ser identificadas até mesmo antes de as crianças começarem a ler. Como a dislexia desenvolvimental (de origem genética) responde à intervenção precoce, diagnosticar indivíduos com risco de desenvolver a doença antes ou durante a pré-escola pode ajudar a diminuir futuras dificuldades e frustrações com o aprendizado, dizem os autores.

A dislexia desenvolvimental (que não é causada por trauma no cérebro) afeta de 5% a 17% das crianças. Uma em cada duas crianças com histórico familiar do distúrbio poderá ter problemas de leitura e aprendizagem.

No novo estudo, os pesquisadores, liderados por Nora Raschle, do Children's Hospital, realizaram exames de ressonância magnética em 36 crianças com idade média de 5 anos e meio. Os exames foram feitos enquanto os pacientes faziam atividades envolvendo palavras e seus sons.

Os resultados indicaram que crianças com histórico familiar de dislexia tinham atividade metabólica reduzida em determinadas regiões do cérebro. As regiões com menor atividade do que as do grupo controle (sem histórico do problema) eram as junções entre os lobos occipital e temporal e entre os lobos temporal e parietal.

“Sabíamos que adultos e crianças mais velhas com dislexia têm disfunções nessas mesmas regiões cerebrais. O que o novo estudo indica é que a capacidade do cérebro de processar sons da linguagem é deficiente mesmo antes de as crianças começarem a receber instruções para aprender a ler”, disse Raschle.
O estudo também mostrou que crianças com risco de desenvolver dislexia não apresentaram aumento na atividade das regiões frontais do cérebro, como se vê em crianças mais velhas e em adultos com o distúrbio. De acordo com os cientistas, isso sugere que essas áreas do cérebro se tornam ativas apenas quando as crianças começam a aprender a ler.

“Esperamos que poder identificar crianças com risco de desenvolver dislexia, enquanto ainda em idade pré-escolar, possa ajudar a reduzir as consequências sociais e psicológicas negativas que essas crianças frequentemente têm que enfrentar”, disse Raschle.

O artigo Functional characteristics of developmental dyslexia in left-hemispheric posterior brain regions predate reading onset (doi/10.1073/pnas.1107721109), de Nora Maria Raschle e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da PNAS em 

www.pnas.org

Fonte: http://agencia.fapesp.br